(Foto: http://vozribatejana.blogspot.com) |
No dia 17 de Setembro, fui convidada a assistir em Alenquer a uma reunião de cidadãos que se me afigurou de grande valor.
A preocupação sobre um certo estado de inacção, talvez de apatia, que promete afectar o desenvolvimento da Vila, parece, ao que compreendi, afligir genuinamente grande parte da população de Alenquer.
Na reunião – a entrada era livre – puderam fazer-se ouvir os alenquerenses que ali foram, cidadãos empenhados em contribuir com generosidade para uma discussão crítica e aberta sobre a situação da sua Vila, mas sobretudo para cooperar na busca de uma solução para a mudança.
Surpreendeu-me pela positiva a vontade presente, pois que a organização de cidadãos em Movimentos, tem sido pouco comum em Portugal, ainda que a esses Movimentos, se lhes reconheça a possibilidade de se poderem tornar hoje, em tempos de globalização e informatização, muito dinâmicos e actuantes.
Todos por Alenquer, sugeriu-se nas Redes Sociais. Depois veio à praça. Isso por si só, já faz desta iniciativa um fenómeno original, inovador e prometedor.
De realçar a diversidade dos cidadãos presentes e o corpo dado, de forma espontânea, a esta forma de actuação pela participação.
A plateia, ofereceu-se-me representativa da multiplicidade e diversidade de segmentos sociais, políticos, económicos que compõem a sociedade alenquerense.
Dar voz a um conjunto de actores sociais tão distintos só é possível quando existe uma aproximação dos cidadãos e se valoriza o diálogo para além da diversidade de interesses e valores.
Mesmo que esse diálogo possa não ser sempre (em regra nunca é), isento de conflitos, os objectivos que unem os cidadãos (ainda que se possam diversos), permitem quase sempre a criação de oportunidades de discussão e reflexão.
A reunião foi expressão de um colectivo informalmente organizado, que se reuniu para discutir a situação da sua Vila e para em conjunto, apurar estratégias, que possibilitem a reactivação da vida e da economia da Vila a que todos pertencem e que todos representam.
Este tipo de Movimentos consegue por norma, reforçar o sentido de proximidade e solidariedade dos indivíduos; reforçar aquilo a que se chama identidade colectiva e sentimento de pertença, cimentando-se por essa via a ideia de unidade na diversidade que se pode constituir numa força poderosa, para prosseguir, neste caso Por Alenquer.
Todos Por Alenquer, foi expressão de um activismo (não revolucionário), alicerçado na vontade da comunidade para cooperar por uma causa que, não só, é de todos, mas sobretudo toca a todos.
A mudança em Alenquer, pode passar (passa com toda a certeza) pelas pessoas. A sua participação em luta pela procura de novos rumos para Alenquer, pode alterar a história de uma vila, que na margem do distrito de Lisboa, acabou, talvez vítima dessa proximidade à capital, por ser remetida para um certo isolamento e uma certa apatia, que, ao que vi e ouvi, a população está determinada a combater.
Sónia Frias*
Lisboa, 27 de Setembro de 2011
(*Antropóloga e investigadora na área dos movimentos de cidadãos, docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas)
Sem comentários:
Enviar um comentário